Historicamente, a dicotomia entre a medicina e a odontologia, confluiu num ensino da medicina para "um homem sem boca" e o ensino da odontologia para "uma boca sem homem". Este curso pretende quebrar esta dicotomia, dotando assim todos os participantes de conhecimentos que lhes permitam incorporar uma das articulações mais importantes do corpo humano na sua avaliação diária e possível intervenção terapêutica. Será possível descurar que músculos da região cervical são influenciados pela musculatura da ATM e vice-versa?
Será possível esquecer que a ATM, tal como um joelho, apresenta duas peças ósseas, ligamentos, cápsula, menisco? Será possível negligenciar uma artrose da ATM ou uma lesão meniscal? Será possível esquecer que se se observa um paciente com um ombro elevado, a origem pode ser uma retracção do músculo omo-hioideu uma vez que este liga diretamente o osso hioide à omoplata?
A resposta é não!
E porque a ATM desempenha um papel fundamental na mastigação, deglutição, fonação, postura corporal e expressividade facial, o que a torna indispensável tanto para as necessidades básicas de alimentação e postura quer nas relações sociais.
Para além destas funções, a sua participação no complexo articular crânio-cervical faz dela um elemento chave no tratamento dos síndromes dolorosos desta região.
Uma disfunção da ATM pode tornar-se altamente debilitante para o paciente, sendo que os sinais e sintomas podem variar entre dor, cefaleias, ruído articular, alterações da dinâmica mandibular, desvios e deflexões, restrição dos movimentos e alterações do tónus muscular. A incidência deste tipo de disfunção tem vindo a aumentar consideravelmente, calculando-se que na atualidade 50 a 75% da população exiba pelo menos um sinal e 25% tem sintomas associados.
Uma das primeiras evidências da relação entre a ATM e a postura corporal encontradas na literatura é a relação entre a posição de repouso mandibular e a postura da cabeça, por Brodie (1950): "a posição de repouso da mandíbula é determinada pelo equilíbrio muscular existente entre os músculos da mastigação e os músculos cervicais posteriores, concluindo que esse equilíbrio muscular é uma função da manutenção postural da cabeça”. Brill (1959) explica como a extensão da cabeça aumenta o espaço livre interoclusal, alterando a posição de repouso. Brenman (1973) demonstra que mudanças na postura da cabeça e do corpo têm influência na função e contacto oclusal.
Repara que os achados clínicos que demonstram a importância da ATM remontam aos anos 50. Terminamos, como iniciamos.
Será coerente nos dias que correm não conheceres com rigor esta articulação, e todas as influências que apresenta, quando pretendes abordar globalmente e eficazmente o teu paciente?
Ver Mais
Objectivos gerais:
Conhecer as ferramentas necessárias para o diagnóstico e tratamento das patologias articulares crânio-mandibulares.
Aplicar uma visão global do tratamento dos distúrbios mandibulo-occipitais.
Objectivos específicos:
1. Descrever conceitos básicos de anatomia e biomecânica articular.
2. Analisar os diferentes sinais e sintomas para se obter um diagnóstico preciso.
3. Identificar as distintas estruturas que compõem a ATM.
4. Avaliar as amplitudes articulares nos diferentes planos.
5. Identificar as estruturas mais importantes e as patologias através de imagens de ressonância magnética.
6. Aplicar as várias técnicas de tratamento nas disfunções temporomandibulares.
7. Relacionar as estruturas crâniomandibulares com a coluna cervical.
- Anatomia e Biomecânica normal: relação entre a ATM, osso hióide e cervical superior.
- Patologia: bloqueios, luxação discal, sinovite e capsulites, hipo/hiper mobilidade, desequilíbrio muscular. Patologia cervical associada.
- Diagnóstico dos elementos articulares e periarticulares. Amplitudes articulares. Teoria e prática de diagnóstico.
- Tratamento: com terapia manual. Mobilização articular passiva e activa.
- Tratamento muscular. Exercícios.
- Diagnóstico cervical superior e a sua relação com a articulação temporomandibular.
- Trabalho interdisciplinar. Funções do ortodontista, cirurgião maxilofacial, dentista e fisioterapeuta. Visão global.
Sem informação
Certificado internacional emitido pela ESITEF.
Certificado de frequência de formação profissional, de acordo com o decreto 35/2002, de 23 de abril.
Modo de pagamento
Totalidade
100%
na inscrição
Notas
Inclui material de apoio + certificado de participação + Seguro
Francisco Javier Ruiz Perez
Francisco Javier Perez é um fisioterapeuta e osteopata dedicado à investigação e estudo da Osteopatia e Fáscia. Pela sua reconhecida e natural vocação para a vertente académica e pedagógica, desde 2010 que se dedica exclusivamente à docência e formação, representando a Escuela Internacional de Terapia Física (ESITEF), em Espanha, Portugal e Argentina.
Licenciado em Fisioterapia, em 1996, pela Universidad Complutense de Madrid, gradua-se em Osteopatia na Osteopatia na Formación Belga Española de Osteopatía Madrid (FBEO), em 2000. Desde essa data que vem cumulando conhecimento, revendo e atualizando conceitos, frequentando diversos cursos nestas áreas - músculo-esquelética, terapia sacro-craniana, área fascial e funcional, visceral, ritmos osteopáticos, etc. - com personalidades sonantes da área como Geraldine e Rene Daugba. Paralelamente à sua paixão e dedicação à osteopatia, reconhecendo a importância do sistema fascial para uma abordagem completa e global, dedicou-se a frequentar formações diversas nesta área, das quais destaca o conhecimento adquirido na Escola de Terapias Miofasciais Tupimek e Fascial Balance de Andrzej Pilat.
Ver Mais
1. Domínio dos conceitos inerentes a toda a anatomia, biomecânica e patologia de uma articulação "desconhecida" para muitos profissionais - um mercado em franca expansão;
2. Imediatamente após o curso estará reunido do conhecimento necessário para avaliar e traçar objectivos terapêuticos para ultrapassar uma desordem da ATM;
3. Será munido com uma bateria de técnicas que visam o tratamento da ATM (técnicas articulares, propriocetivas e musculares, entre outras);
4. Possibilidade de trabalho em parceria com outros profissionais de saúde (área da oclusão, etc.);