Exercício

Visão mecanicista ou neurofisiológica do Stretching Global Activo (SGA)?

SGA, uma derivação do Método RPG, de Philippe Souchard

O  SGA – Stretching Global Ativo, foi criado pelo fisioterapeuta francês Philippe Souchard e deriva do método de Reeducação Postural Global (RPG).


Atualmente é praticado em diversos países como Espanha, Suíça, Itália, Canadá, Argentina, Brasil, Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, França, Inglaterra e ainda de forma escassa em Portugal.


Como iremos notar, é um método que se opõe aos tradicionais alongamentos realizados por tantos milhares de atletas, abordados em centenas de livros e estudados em dezenas de faculdades. São muito poucas, as instituições de ensino superior onde se discute esta temática.


A razão pela qual iremos discutir o tema, prende-se naturalmente pelo facto de acreditarmos veemente que é um conceito com vastíssimas valias quando equiparado aos métodos tradicionais de alongamento.


A generalidade das obras publicadas apresenta propostas de alongamentos analíticos, ou seja, alongar um músculo de cada vez, e quando alguns autores falam de cadeias musculares, raramente são associadas à necessidade do gesto desportivo ou laboral desejado. Uma vez que todas as atividades solicitam os músculos do nosso corpo, tanto os estáticos como os dinâmicos, a prática da flexibilidade atenuará os efeitos da contração muscular. Como consequência dessa contração, o gesto desportivo terá menos amplitude, menos facilidade e, assim, menos eficácia.


O correto alongamento do músculo permite uma melhor contração e a sua correta utilização para executar o movimento. As compensações locais ou com repercussões à distância (fica de novo patente a importância do conceito de cadeia muscular), que decorrem de uma atividade desportiva intensa, deverão ser atenuadas com o fim de permitir a facilidade global do movimento a curto-prazo e diminuir os riscos de desequilíbrio postural a longo-prazo.


É preciso referir que o alongamento assume um papel importante na preparação do esforço, bem como na criação de melhores possibilidades de recuperação após o esforço, dado que a tensão produzida pelo alongamento acarreta uma compressão da rede arteriovenosa, a qual é acompanhada por uma fase de relaxamento que facilita o retorno sanguíneo.


Não se pode afirmar que o SGA permite evitar todos os “acidentes” musculares ou articulares, mas garantidamente pode diminuir a sua incidência ou ainda a gravidade com que estes possam surgir.


Para se evoluir no âmbito desportivo, as duas formas mais comuns de potenciar os músculos são a musculação, através do próprio gesto durante o movimento, e a musculação com pesos. A primeira é pouco traumatizante, e algumas sessões de alongamento podem diluir as “sequelas” que possam daí advir. A segunda pode ser catastrófica a longo-prazo, caso não se coloquem em prática estratégias adequadas de mobilidade. O atleta de facto fica com a sensação de força, de poder, mas o gesto perde cada vez mais a sua destreza, fluidez, economia, e essa perda de flexibilidade incomoda o gesto básico que é afinado durante tantas horas nas sessões diárias de treino.


Atualmente a dificuldade reside na forma mais correta de alongar. Ao se executar uma postura ou um dado posicionamento de alongamento, não é suficiente colocar o músculo ou cadeia de músculos sob tensão por alguns instantes para que esse ganho de flexibilidade seja conservado após a sessão.


Com o SGA, o modo de executar o alongamento decorre de grandes princípios anatómicos, biomecânicos e físicos.


Existem cinco grandes princípios que reunidos diferenciam o SGA do alongamento convencional. São eles:

1. Os músculos existem sob a forma de cadeias musculares

2. Cada músculo tem diversas fisiologias

3. O alongamento dos músculos obedece à mesma fórmula física que os materiais viscosos e elásticos

4. Os alongamentos são sempre ativos

5. A respiração assume um papel vital. É tão grande a quantidade de funções que dependem direta ou indiretamente de uma boa ventilação. É definitivamente o ponto onde o SGA difere completamente do conceito tradicional de alongamento.

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