Saúde

Reeducação do pavimento pélvico após histerectomia

Com a remoção do útero, o pavimento pélvico perde um órgão e perde outros elementos de sustentação.

Todas as estruturas e órgãos pélvicos funcionam como um todo, como uma só unidade, com uma relação anatómica e funcional considerada de extrema importância no sentido de manter uma função e um pavimento pélvico saudável. Os Músculos do Pavimento Pélvico formam uma camada que oferece suporte aos órgãos pélvicos – como a bexiga, o útero e o intestino- e encerra a abertura da vagina durante a contracção, mostrando-se importante na prevenção da perda involuntária de urina e do conteúdo ano-retal, além de ter uma estreita relação com a função sexual.


Acredita-se que factores como cirurgias pélvicas podem resultar em danos na vascularização pélvica e inervação dos Músculos do Pavimento Pélvico, bexiga e esfíncter uretral, o que acarreta como consequência uma série de disfunções associadas ao sistema urinário, ano-retal, genital e interfere drasticamente na qualidade de vida.


O termo histerectomia refere-se à remoção cirúrgica do útero e é considerado um dos procedimentos cirúrgicos ginecológicos mais frequentes. Alguns autores afirmam que cerca de 20%-30% das mulheres serão submetidas a esta cirurgia até aos 60 anos de idade, independentemente da indicação médica para a concretização da mesma.


Após a cirurgia, a curto-médio prazo, algumas mulheres podem apresentar sintomas como alterações da função intestinal (sobretudo obstipação), dor durante as relações sexuais, infecções urinárias recorrentes, incontinência para gases e fezes e dor abdominal. A médio-longo prazo, cerca de 2% a 45% das mulheres podem apresentar um prolapso da bexiga ou do intestino.


Com a remoção do útero, o Pavimento Pélvico perde um órgão e perde outros elementos de sustentação. O espaço, outrora ocupado pelo útero, torna-se um espaço oco e vazio pelo que é vital reeducar o Pavimento Pélvico a esta nova condição, a fim de prevenir ou tratar alguma sintomatologia já existente. Decorrente de vários factores internos e comportamentais, o aparecimento de um prolapso pode ser inevitável após este tipo de cirurgia, quer por defeitos da fáscia endopélvica, pela fraqueza muscular, pela presença de aderências ou por alterações do tónus muscular.


Esta informação é preciosa e poderá ajudá-la a compreender como se pode proteger de algumas consequências no futuro. A primeira etapa no processo de reabilitação é a tomada de consciência, pelo que consultar o Médico Ginecologista e um Fisioterapeuta especializado em Pavimento Pélvico é seguramente a opção mais acertada em prol da sua Saúde e da Qualidade de Vida. Neste contexto, o Fisioterapeuta destaca-se como um importante aliado no pós-cirúrgico de uma histerectomia, contribuindo para evitar ou minimizar possíveis complicações.


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Artigo escrito por Maria João Caçador, fisioterapeuta com pós-graduação e mestrado em fisioterapia na saúde da mulher, que exerce docência universitária na Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro e na Escola Superior de Saúde Jean Piaget. A Maria João é também formadora do curso Fisioterapia nas (Dis)Funções do Pavimento Pélvico.

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