Saúde

Reabilitação do cancro da mama: uma abordagem atual da fisioterapia dermatofuncional

Intervenção do fisioterapeuta na reabilitação do utente com cancro da mama

Longe vai o tempo em que se pensava que a fisioterapia dermato-funcional se tratava de uma área de intervenção com menor relevância e impacto no processo de reabilitação do utente.


Pelo contrário, é um campo de intervenção promissor e que tem ganho espaço em diferentes segmentos, nomeadamente enquanto parte integrante de uma equipa multidisciplinar responsável pelo atendimento e acompanhamento de utentes oncológicos, seja na prestação de cuidados pré-operatórios, como na fase pós-cirúrgica.


Pela expressão significativa em Portugal, falaremos neste artigo sobre a intervenção do fisioterapeuta na reabilitação do utente com cancro da mama.


Os números são alarmantes:

- O cancro da mama é o mais frequentemente diagnosticado e a principal causa de morte por cancro entre as mulheres em todo o mundo.


- Em 2012 houve o registo de 1,7 milhões de novos casos de cancro da mama a nível mundial e 521,900 mortes atribuídas à mesma patologia (International Agency for Research on Cancer, 2016; Torre et al., 2015).


- A nível mundial, o cancro da mama representa 25% de todos os casos de cancro na mulher e 15% de todas as mortes por cancro na mulher.


- Estima-se que na União Europeia (UE), no decorrer da próxima década, venha a existir um aumento nos novos casos de cancro em 13,7%. (IARC, 2016)


- Em Portugal, e na mulher, é a doença oncológica com maior incidência, prevalência e mortalidade (International Agency for Research on Cancer, 2016; Registo Oncológico Nacional, 2016)


- É a principal causa de morte precoce (principal causa de morte precoce (antes dos 70 anos) nas mulheres em Portugal. (Causas de Morte em Portugal e Desafios na Prevenção – Acta Médica Portuguesa Março – Abril 2012)


- Portugal tem registado um aumento anual entre 4-5%, registando-se uma prevalência anual de cerca de 6 mil novos casos.


Não obstante, importa referir que, em Portugal, a mortalidade por cancro da mama tem estado estacionária, apesar do aumento significativo da incidência. Salientar ainda que, no cancro da mama, Portugal encontra-se enquadrado nos países com uma das mortalidades mais baixas na UE (DGS, 2016).


As mulheres com cancro da mama no decorrer da fase de tratamento por terapias oncológicas sofrem alterações a nível psicossocial a par de complicações físicas, como [1]:

- Diminuição da mobilidade e força muscular do membro superior

- Edema do membro superior e/ou da mama ou parede torácica

- Dor

- Fadiga

- Alterações de sensibilidade

- Redução do nível de actividade física

- Redução da qualidade de vida


Nos casos específicos de mastectomia, podem surgir cicatrizes dolorosas, alterações da postura, limitação da amplitude articular, dor no ombro homolateral e linfedema do membro superior homolateral.


A reabilitação física na mulher com cancro da mama compreende o acompanhamento na fase pós-diagnóstico, na fase pós-cirúrgica imediata, na fase aguda de tratamento por terapias oncológicas e nas restantes fases de sobrevivência. [1]


A fisioterapia integra, portanto, todo o processo de cura, a par com os tratamentos e intervenções médicas ao longo das várias fases, nomeadamente:

- Da radioterapia: para minimizar os efeitos da retração tecidual

- Da mastectomia: na reabilitação da cicatriz e da mobilidade dos tecidos circundantes ou da mama restante (nos casos da cirurgia conservadora - tumorectomia)

- Da redução do linfedema

- Da reconstrução mamária: no auxílio do processo de adaptação dos tecidos à prótese ou aos retalhos (dependendo das técnicas selecionadas pelo cirurgião), na modelação da nova mama, aproximando-a o mais possível à forma e posicionamento da contralateral. 

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Fonte:

1. Duarte. Nuno (2016). Fisioterapia: Influência na Qualidade de Vida da Mulher com Cancro da Mama Submetida a Cirurgia com Biópsia do Gânglio Sentinela. Contributo Para a Qualidade do Serviço em Oncologia. Programa de Doutoramento em Saúde Pública na Especialidade de Epidemiologia, Universidade Nova de Lisboa e Escola Nacional de Saúde Pública.

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