Saúde

O raciocínio clínico na intervenção em condições neuro-músculo-esqueléticas

"Creio ser imperativo que os profissionais de saúde, desde “tenra idade”, dediquem e invistam grande parte do seu tempo e estudo na procura da melhoria constante do seu raciocínio clínico."

Artigo escrito por Hugo Cruz, fisioterapeuta e formador no curso de Anatomia Palpatória, Ecoanatomia e Raciocínio Clínico, na Master Science Lab.

Contrariamente ao enraizado no senso comum, a maior ferramenta de trabalho de um clínico, em condições neuro-musculo-esqueléticas, é o seu raciocínio clínico.


A primeira vez que o termo foi abordado por Barrows e Feltovich em 1987, estes tinham como objetivo descrever a forma dos médicos pensarem em situações de diagnóstico clínico.


Com algumas variações entre autores, descreve-se como raciocínio clínico, o processo cognitivo utilizado na avaliação e tratamento de um utente num contexto específico. E é lógico pensarmos, também, que este está diretamente relacionado com o sucesso da intervenção.


Este raciocínio clínico deve ser pautado por 3 pilares básicos: a melhor evidência científica, e evidência clínica disponível e a experiência clínica do profissional. Assim, o binómio do conhecimento explícito (evidência) e do tácito (saber acumulado) são fatores fundamentais na tomada de decisão clínica.


Nos últimos anos, a forma de pensar dos profissionais de saúde tem merecido particular interesse e destaque, apresentando melhor organização de conhecimento, melhor qualidade nas hipóteses de trabalho levantadas e um maior sucesso na intervenção dessas. A evolução do pensamento inócuo, sem relação a conceitos previamente estabelecidos, é uma peça-chave para a construção final deste modelo de trabalho.


O conhecimento base de anatomofisiologia, os recentes avanços da neurociência e das novas ferramentas de tecnologia de apoio ao diagnóstico, têm sido fundamentais para a compreensão mais clara e próxima da realidade/sucesso dos processos lesionais, respeitos à condição patológica, não se focando apenas em relações causa-efeito, mas antes em identificar possíveis problemas e o seu impacto na vida do individuo na sua relação entre as dimensões física, psicológica e social.


A introdução da ecografia músculo-esquelética funcional (entre outras...), tem sido uma ferramenta crucial enquanto forma de extensão deste raciocínio clínico e enquanto ferramenta de excelência do estudo dinâmico e da mensuração objetiva, permitindo uma melhor evolução e validação das diferentes técnicas terapêuticas, com o objetivo claro da melhoria da qualidade terapêutica.


Nesta minha perspetiva, creio ser imperativo que os profissionais de saúde, desde “tenra idade”, dediquem e invistam grande parte do seu tempo e estudo na procura da melhoria constante do seu raciocínio clínico, com espírito crítico, evolucionista e em constante mutação, tornando-o mais completo, sistematizado, prático e metodológico, de forma que venham a ser, hoje e a longo prazo, melhores do que ontem, na sua prática clínica e exercício da sua profissão, alcançando maior notoriedade junto dos seus pacientes/clientes e dos seus pares. 

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Fonte:

Knowledge based solution strategies in medical reasoning

The clinical reasoning process

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