O que é o Prolapso?
O termo corresponde à descida de um ou mais órgãos pélvicos (bexiga, útero e reto), resultando da protusão do mesmo na vagina ou ultrapassando o hímen, para o exterior.
O Pavimento Pélvico (PP) compreende vários tipos de tecidos que funcionam para providenciar o suporte e manter a função normal da bexiga, da uretra, da vagina e do reto. Sempre que exista uma falha de um ou mais tecidos de suporte, podemos estar perante uma disfunção do pavimento pélvico, que se traduz em problemas concretos como a incontinência urinária e fecal e os prolapsos.
Existem vários factores de risco potenciais para o desenvolvimento dos prolapsos como a histerectomia (remoção cirúrgica do útero), alteração do colagénio e elastina do músculo liso da vagina e dos tecidos e suporte do pavimento pélvico, a gravidez, o parto prolongado, a idade, os trabalhos pesados ao longo da vida e a obstipação, que favorecem um aumento de pressão intra-abdominal e um estiramento crónico do pavimento pélvico.
São vários os sinais e sintomas que podem estar presentes como a sensação de peso/pressão na vagina, infecções, dificuldade em iniciar micção, sensação de esvaziamento incompleto vesical e fecal, protusão do intestino para o exterior, incontinência urinária e/ou fecal, dor pélvica, dor durante a relação sexual, entre outros.
Estes sintomas podem ter uma implicação muito significativa na qualidade de vida de uma mulher e vão preditar a indicação cirúrgica ou não.
As opções terapêuticas incluem o tratamento conservador, através de fisioterapia, ou a abordagem cirúrgica.
De uma forma geral, o tema das disfunções do PP corresponde a uma área multidisciplinar, envolvendo várias especialidades como a uroginecologia, que detém um importante contributo no tratamento cirúrgico de patologias deste foro. A escolha do tratamento depende da gravidade do prolapso, das queixas e do estado geral da mulher.
A fisioterapia está indicada para mulheres com um grau ligeiro de prolapso (até grau II, inclusive) e os objectivos do tratamento são impedir o agravamento do prolapso, aliviar ou eliminar a sintomatologia e adiar a necessidade de cirurgia, bem como privilegiar a alteração de hábitos de vida, envolvendo a correcta posição para evacuar, a fim de proteger o pavimento pélvico e potenciar os efeitos do tratamento.
Estudos indicam que cerca de 58% das mulheres intervencionadas cirurgicamente voltam a ter prolapso e cerca de 1/3 terá de ser operada novamente.
Assim, e de acordo com as recomendações da 4th International Consultation on Incontinence a reeducação do pavimento pélvico com um fisioterapeuta especializado deve ser a primeira opção de tratamento, sem recurso a escolhas farmacológicas nem cirúrgicas, sem efeitos secundários conhecidos e não limita outras opções terapêuticas subsequentes.
A adesão ao tratamento está na base para o sucesso do mesmo.