O exercício físico continua a acumular evidência que suporta a sua utilização para a prevenção de doença cardíaca e, após evento cardíaco, para a sua reabilitação (ACSM, 2010). O exercício físico regular promove alterações e adaptações cardíacas estruturais, funcionais e elétricas, reduzindo o risco de eventos cardíacos (ACSM, 2010; Eijsvogels, Fernandez, & Thompson, 2016).
A literatura comprova a eficácia do exercício físico em pacientes com doença coronária, existindo diversos programas de reabilitação cardíaca desenhados de forma a potenciar e manter comportamentos saudáveis (ACSM, 2010; Boden et al., 2014; Gondoni, Nibbio, Caetani, Augello, & Titon, 2010), reduzir a morbilidade e mortalidade, possíveis sintomas de angina e melhorar a qualidade de vida (Boden et al., 2014).
A Reabilitação Cardíaca é um programa baseado no exercício, desenhado para orientar os pacientes e as suas famílias, durante a recuperação, após um evento agudo. Estes programas têm recomendação classe I para pacientes com diagnóstico de síndrome coronário agudo ou após cirurgia de revascularização ou intervenção percutânea (Sebastian, Reeder, & Williams, 2015). No que diz respeito ao sistema cardiovascular, a prática de exercício reduz a pressão arterial - quer sistólica, quer diastólica - aumenta a fração de ejeção do ventrículo esquerdo, melhora a função vascular aumentando a angiogénese cardíaca e a massa muscular do próprio coração (Gomez-Cabrera, Domenech, & Viña, 2007; N. Mann & Rosenzweig, 2012; Pal, Radavelli-Bagatini, & Ho, 2013).
A intensidade, ou nível de esforço, tem particular importância aquando da prescrição de exercício relacionando-se com a eficácia do programa. Uma intensidade precisa permite que o programa atinja o efeito pretendido no paciente, sem que haja sobrecarga cardíaca ou aparecimento de sinais e sintomas clínicos anormais, nem risco de lesões músculoarticulares (Sebastian et al., 2015).
Tem existido um aumento crescente de doentes referenciados precocemente para programas de reabilitação cardíaca sem prova de esforço (PE). A ausência da PE representa um desafio para o fisioterapeuta, devendo nestas situações, iniciar o programa de reabilitação cardíaca usando a frequência cardíaca basal (FCB) mais 20 batimentos por minuto (bpm) e ir aumentando a intensidade de exercício de acordo com o esforço percebido pelo paciente, sinais e sintomas e a resposta fisiológica normal (ACSM, 2010; Sebastian et al., 2015).