Saúde

Intervenção da fisioterapia no cancro de mama faz a diferença

Fisioterapia assume um papel central na optimização da funcionalidade da pessoa com cancro de mama, preservando e restaurando a integridade cinético-funcional dos órgãos e sistemas.

Sabias que o cancro da mama é a neoplasia maligna com maior taxa de incidência em Portugal?


De acordo com a Liga Portuguesa contra o Cancro, atualmente, em Portugal, surgem 6000 novos casos de cancro da mama por ano, ou seja 11 novos casos por dia, tornando-o o tipo de cancro mais comum entre as mulheres (não considerando o cancro da pele).

Já nos homens, apenas 1% dos diagnósticos de cancro, diz respeito à mama.


O facto da mama ser um órgão cheio de simbolismo, na maternidade e na feminilidade, representa um profundo impacto na mulher, com fortes implicações a nível social e psicológico, afetando a perceção da sexualidade e a própria imagem corporal, com consequente diminuição da qualidade de vida.


Felizmente, as taxas de sucesso em Portugal são cada vez mais elevadas, o que coloca o nosso país na liderança das taxas de sobrevivência na Europa, de acordo com estudo da Lancet.


Olhando além das estatísticas, é importante perceber que o cancro de mama e as intervenções inerentes ao seu tratamento, como cirurgias e/ou terapias coadjuvantes (quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e hormonoterapia, entre outras), estão diretamente relacionadas com uma panóplia de sequelas físicas e psicológicas que podem condicionar a vida das pessoas, por vários anos. Dor, fadiga, cicatrizes, diminuição das amplitudes articulares e força muscular do membro superior, desenvolvimento de linfedema, alterações posturais, alterações da pele e da sensibilidade, são algumas das principais queixas.


Apesar das abordagens cirúrgicas axilares menos invasivas serem tendência da prática corrente, o esvaziamento ganglionar axilar continua a ser parte do tratamento cirúrgico do cancro da mama e, por isso, a fisioterapia assume um papel central na otimização da funcionalidade da pessoa com cancro de mama, preservando e restaurando a integridade cinético-funcional dos órgãos e sistemas.


O fisioterapeuta, enquanto único profissional de saúde capacitado para avaliar e tratar estas complicações, assume um papel central, em particular:

  • Radioterapia: ajuda a minimizar os efeitos da retração tecidual
  • Mastectomia: reabilitação da cicatriz e a mobilidade dos tecidos circundantes ou da mama restante (nos casos da cirurgia conservadora - tumorectomia) e na redução do linfedema
  • Reconstrução mamária: processo de adaptação dos tecidos à prótese ou aos retalhos (dependendo das técnicas selecionadas pelo cirurgião) e na modelação da nova mama, aproximando-a o mais possível à forma e posicionamento da contralateral


Estudos indicam que as utentes que não realizaram fisioterapia no período de pós-operatório apresentaram limitações significativas da função e amplitude articular do ombro após três meses da cirurgia, quando comparadas com as que realizaram exercícios ativos e atividades funcionais.


Saber fazer uma boa avaliação da condição da mulher, ouvir as suas dúvidas, esclarecer e prestar informação pertinente acerca da cirurgia, dos tratamentos existentes e das complicações que deles podem advir, é um dos principais pontos de partida para um processo de reabilitação bem sucedido.   

Ver Mais

Fonte:

A evidência da intervenção precoce da fisioterapia em mulheres mastectomizadas: estudo comparativo.

Effectiveness of early physiotherapy to prevent lymphoedema after surgery for breast cancer: randomised, single blinded, clinical trial.

Global surveillance of trends in cancer survival 2000–14 (CONCORD-3): analysis of individual records for 37 513 025 patients diagnosed with one of 18 cancers from 322 population-based registries in 71 countries

Impairments, activity limitations and participation restrictions 6 and 12 months after breast cancer operation.

Physiotherapy for the functioning of breast cancer patients

The efficacy of physiotherapy upon shoulder function following axillary dissection in breast cancer, a randomized controlled study.

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