Saúde

Incontinência Urinária durante a prática de exercício físico

A cada 10 mulheres que estão no ginásio, pelo menos 3 delas têm algum nível de perda urinária.

Nos últimos anos, a prática regular de exercício físico e/ou desporto passou a fazer parte do quotidiano de muitas mulheres, seja numa vertente de lazer, como forma de alcançar uma melhor aparência física, como meio para cuidar da saúde mental ou até mesmo como atividade profissional. A mulher que opta por praticar atividade física tem diversas opções, das mais intensas, como o Crossfit e a corrida, até às de intensidade baixa-moderada, como o Yoga e a caminhada. Algumas preferem desportos de equipa, como o Andebol ou o Voleibol ou em dupla como o Ténis e o Padel e outras preferem modalidades individuais, como a musculação e o ciclismo. Muitas gostam de Dança ou Pilates. Enfim, não faltam opções para quem quer cuidar da saúde!


Como tem vindo a ser estabelecido, o exercício físico traz inúmeros benefícios para a saúde física, como a melhoria do sistema cardiovascular, a redução da gordura corporal, o aumento da massa, força e resistência muscular, o aumento da densidade óssea, entre muitos outros. No que diz respeito à saúde mental, também foi comprovado que a prática regular de exercício físico diminui picos de ansiedade e stress e aumenta a produção de hormonas responsáveis pela sensação de bem-estar e tranquilidade. Todas estas vantagens traduzem-se naturalmente numa melhoria da qualidade de vida e da autoestima.


Contudo, existe um outro lado da moeda. Infelizmente, são muitas as mulheres que se queixam de perder urina durante a prática de exercício físico, principalmente nos de maior impacto e intensidade. Os estudos mostram que a prevalência da incontinência urinária (IU) durante a prática de exercício físico é significativa. A cada 10 mulheres que estão no ginásio, pelo menos 3 delas têm algum nível de perda urinária.


Estes dados são importantes, pois a perda involuntária de urina, embora não seja uma condição mortal ou extremamente incapacitante, é um grande obstáculo para a adesão à atividade física, fazendo com que mulheres que têm incontinência urinária deixem de usufruir de todos os benefícios que a prática regular de AF pode trazer, por medo ou vergonha. Perder urina é constrangedor, não é normal! É comum, mas não é normal!


Mas então, porque ocorre perda urinária durante o exercício?


Resumidamente: por uma má gestão de pressões! Atividades de alto impacto ou que exijam muita força e contração abdominal máxima podem ser consideradas fatores de risco para o desenvolvimento de disfunções urogenitais. As pressões altas, repetitivas e constantes sobre o pavimento pélvico podem gerar a médio/longo prazo lesões das estruturas de suporte se não houver uma adequada gestão de pressões entre o diafragma (músculo respiratório), os músculos abdominais, os músculos das costas e o pavimento pélvico. É como se o abdómen fosse uma panela de pressão! O vetor de força que geramos durante um exercício intenso terá de sair por algum lado.


Qual é o papel dos músculos do pavimento pélvico (MPP) que tanto nos aconselham a fortalecer?


Quando os MPP funcionam adequadamente, o pavimento pélvico exerce uma boa função de suporte e os ligamentos e fáscias acabam por estar sob tensão normal, sem estiramento máximo, sem grande probabilidade de lesão. Contudo, quando os MPP NÃO funcionam bem, enfraquecem ou são danificados, os órgãos da região pélvica são mantidos no lugar apenas pelos ligamentos e fáscias que estarão no estiramento máximo, com maior probabilidade de lesão.


Se os MPP não puderem apoiar ativamente os órgãos, com o tempo, a fáscia, os ligamentos e tendões distendem e podem ficar danificados, dificultando, por exemplo, a continência urinária. Além disso, atividades extenuantes ou prolongadas podem reduzir a eficiência da contração dos músculos do pavimento pélvico, favorecendo a fadiga muscular com consequente redução da capacidade de continência. É por isso que a prevalência da IU é maior em atividades de alto impacto e grande aumento de pressão abdominal.


Então, O QUE FAZER?


A solução não é de todo deixar de praticar atividade física! Lembre-se dos inúmeros benefícios. O melhor a fazer é trabalhar a função do seu complexo abdominal/lombar/pélvico e treiná-lo para a prática segura de atividade física. Respirar, equilibrar, ativar, estabilizar. Parece complexo, mas o trabalho da fisioterapia é exatamente este: avaliar as possíveis falhas funcionais do corpo e intervir sobre elas, de modo a deixá-lo ativo para a prática de atividade física com o menor risco possível de lesões.


Sim, a musculatura do pavimento pélvico deve ser estimulada para que haja equilíbrio de forças e redução de pressões. Mas atenção: É muito comum que as mulheres tenham baixa perceção, incoordenação, fraqueza ou até excesso de tensão nesta região.


Assim, é recomendada uma avaliação em Fisioterapia Uroginecológica/Pélvica para diagnóstico das funções musculares, avaliação da biomecânica e dos padrões de movimento durante a execução dos exercícios/atividade física. Só assim é possível prevenir ou corrigir sobrecargas e, consequentemente, prevenir ou tratar a IU!


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