Geral

Da maleita dos músculos encurtados e das contraturas musculares

Para existir um encurtamento muscular tem que existir uma diminuição no número ou comprimento dos sarcómeros em série de um músculo.

É comum nas áreas do Fitness e da Fisioterapia o uso dos termos “contratura” e “músculo encurtado”, aquando da realização de testes musculares e/ou funcionais.


Desde o peitoral, ao psoas a terminar nos “isquiotibiais” facilmente percebemos que o pessoal anda todo encurtado.


Ora, é importante percebermos alguns aspectos importantes:

1.° Para existir um encurtamento muscular (que não decorra do processo de contração muscular) tem que existir uma diminuição no número ou comprimento dos sarcómeros em série de um músculo. Ou seja, o músculo fica efectivamente mais curto. Este encurtamento é normalmente acompanhado por uma alteração estrutural dos tecidos moles próximos, tais como fáscia, nervos, vasos sanguíneos e pele.


2.° O encurtamento muscular e/ou as contraturas acontecem em duas situações:

a) após um período de imobilização de uma estrutura (p.ex. quando ocorre uma fratura óssea onde é aplicado gesso)

b) quando existe uma lesão de um motoneurónio superior (UMN’s) que origina a ocorrência de espasticidade ou lesões medulares, p.ex. após um AVC, casos de paralisia cerebral, etc.


Assim, facilmente percebemos que os desequilíbrios que os PT’s/Fisioterapeutas detetam na grande maioria das avaliações, não são músculos encurtados ou contraturados.


Portanto, o cliente que passa muito tempo sentado ao computador e/ou a conduzir e se queixa de dores lombares ou cervicais, ou o jogador de futebol que sofre rutura dos posteriores de coxa aquando da realização de um sprint ou de um remate, não possuem músculos encurtados. No caso do primeiro, pode apresentar excessiva tensão muscular. O segundo, por fadiga, além de estar mais susceptível a lesão, pode ver acometidas questões coordenativas.  


Concluindo, o problema das rupturas musculares não está na extensibilidade do músculo (ou falta dela), mas sim, nos aspectos coordenativos da geração de força (p. ex: atraso de 1 ms na contração muscular)


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Um texto escrito por Tiago Rocha, coordenador científico para a área do Exercício da Master - Science Lab. Licenciado em Ciências do Desporto, com especialização em Treino de Alto Rendimento Desportivo, é mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário, pela FADEUP e pós-graduado em Reabilitação Neurológica (ESS).

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