Carregar e transportar um bebé é um comportamento transversal e universal. Culturalmente, existem diferenças importantes entre regiões. A sociedade ocidental, tendencialmente, tem vindo a importar alguns métodos. Posto isto, muitas são as perguntas que nos chegam em volta daquele que é o tema do Babywearing. Quais as vantagens? A partir de quando? Qual o melhor? Que cuidados a ter?
Torna-se assim importante esclarecer, através daquilo que é a nossa opinião e baseado na mais recente bibliografia, a resposta a essas perguntas que surgem aos “nossos” pais.
O Babywearing é a forma de carregar o bebé próximo ao cuidador com recurso a slings, panos, ou até marsupiais, diferentes daquele que é o transporte mais comum no carrinho ou ovo.
O momento do parto é um evento traumatizante para o bebé, que deixa de estar num ambiente calmo, de temperatura controlada, sem ruídos, em posição fetal, como é o útero materno, para um ambiente totalmente inverso a esse. Assim, todas as estratégias que permitam de certa forma, fazer lembrar esse mesmo local, numa fase precoce da vida, começam a ser cada vez mais estudadas e colocadas em prova.
Estudos realizados por (Bera, et al., 2014; Conde-Agudelo & Díaz-Rossello, 2016; Geeta Gathwala & Balhara, 2008; Lowson, Offer, Watson, McGuire, & Renfrew, 2015; WHO, 2003; Wu, Huang, & Wang, 2017) mostraram o benefício do uso em recém-nascidos e prematuros, ao melhorar a relação entre o cuidador e o bebé pelo contato pele-a-pele, reduzindo os índices de mortalidade e morbilidade, promovendo um melhor rácio na performance da frequência respiratória e ventilatória, reduzindo o risco de hipotermia, promovendo a alimentação através do peito da mãe a sua prevalência e duração, melhorando o consumo de oxigénio, os níveis de glucose no sangue, melhora do padrão de sono, diminuição do stresse fisiológico, melhora da confiança e diminuição do choro.
Este tipo de transporte permite também facilitar uma melhor comunicação entre o cuidador e o bebé, transmitindo uma sensação de segurança através do calor e cheiro do cuidador, sendo mais fácil perceber as necessidades deste. É ainda indicado em bebés com refluxos, vómito, plagiocefalia, torcicolos e cólicas.
Para além dos benefícios para o bebé, permite aos cuidadores maior e total liberdade dos membros superiores e maior conforto no transporte do bebé, melhorando a postura com uma ótima relação do centro de gravidade. Para além disso, é uma excelente forma de fazer exercício.
Ao escolher o transporte, deve garantir que este é confortável, ergonómico e adequado o suficiente, para o cuidador, mas principalmente para o bebé. É ainda importante que a posição do bebé seja sempre respeitada com máximo cuidado, mantendo um correto alinhamento da cabeça, tronco, anca (previne e melhora a displasia da anca) e joelhos, fundamental para o seu desenvolvimento motor típico. A criança deve ficar à distância de um beijinho.
Resumindo, é essencial o colo, o conforto, o contacto, o mimo… e tudo o que facilitar isto, é bem-vindo!
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Artigo de autoria de Hugo Cruz, fisioterapeuta e osteopata especialista em pediatria. Licenciado em fisioterapia (ESS-IPP), Master em técnicas osteopáticas do aparelho locomotor pela Universidade Pontificia de Salamanca (Espanha), Diplomado (DO) em osteopatia pela Escola de Osteopatia de Madrid