Saúde

Tape neuromuscular: o que nos mostra a evidência?

3 efeitos principais do tape neuromuscular

É inegável a popularidade das bandas neuromusculares, em particular no contexto desportivo. As fitas cinesiológicas são cada vez mais usadas por atletas de todos níveis e escalões, desde a elite olímpica aos weekend warriors.


Apesar do crescimento desmedido nos últimos anos, ainda persiste um debate significativo em torno da eficácia clínica do tape. Portanto, pareceu-nos um excelente tópico para te trazermos hoje.


O rol de benefícios comumente associados à utilização do tape neuromuscular, antecipa um acréscimo de valor clínico de elevado impacto nos resultados:

- Reduz a dor, edema e rigidez

- Melhora a função

- Atrasa o início da fadiga muscular e cãibras

- Facilita o retorno precoce à actividade ou desporto


Na sequência do que se indica acima pode eventualmente extrapolar-se que terão também uma acção que poderá promover melhora da postura e do rendimento por contribuírem, por exemplo, para melhor gestão de quadros álgicos.


Mas o que nos mostra a evidência?


Embora ainda numa fase muito precoce, há sinais muito encorajadores de pesquisas, bem como um crescente grupo de estudos académicos independentes que sustentam os efeitos positivos do tape:

- Diminui algia e melhora a função em condições dolorosas como fascite plantar e dor patelo-femoral [1, 2]

- Elevar o limiar anaeróbico do músculo durante a actividade de endurance. [3]

- Melhora a força dos músculos não lesionados [4, 5, 6] e reduz a dor [5].

- Melhora a dor, a amplitude de movimento e a função em utentes com conflito sub-acromial [7, 8, 9]

- Estimula o sistema somatossensorial e aumenta o input mecânico e proprioceptivo, inibindo, activando ou facilitando a contração muscular [11, 12]


Importa então perceber como funciona o tape neuromuscular.


Fundamentalmente, o tape prevê aumentar o espaço entre a pele e os tecidos subjacentes (descompressão), o que leva a três efeitos principais:


1. Efeito fluido

- As propriedades elásticas da fita cinesiológica induzem uma elevação vertical da pele (através da formação de rugas) a partir do tecido subjacente, descomprimindo o espaço entre a pele e o músculo (espaço subcutâneo) que contém terminações nervosas e vasos sanguíneos.

- Esta descompressão promove melhoria do fluxo sanguíneo e linfático que se mostra vital numa melhor remoção dos produtos metabólicos associados à contracção muscular e em caso de dor numa mais eficaz eliminação de todos os algógenos profundos.


2. Efeito mecânico

- O tape possui propriedades de alongamento longitudinal de cerca de 140-180%, semelhantes às propriedades de alongamento da pele, músculo e tecido conjuntivo. Desta forma adiciona estabilidade e awareness do alongamento aos músculos, ligamentos, tendões e articulações.

- O tape também pode ter um papel na restauração da mecânica normal de “slide and glide” entre camadas de tecido.


3. Efeito neurológico

- A presença do tape na pele gera um estímulo sensorial local, que de acordo com a teoria das comportas (gate control), irá favorecer uma dessensibilização da área, fazendo com que diminua a percepção dolorosa.

- As propriedades descompressivas do tape reduzem a pressão e a compressão nas terminações nervosas logo abaixo da pele.

- A colocação de tape sobre músculos realmente tensos parece reduzir a resposta ao alongamento, fazendo com que diminua a sintomatologia de tensão e dor.

- A fita cinesiológica colocada sobre tecido inibido, doloroso e lesionado actuará para ajudar a estabilização "activa" do corpo, alterando a actividade e o feedback dos nervos na pele e no tecido subjacente.


A Rocktape orgulha-se em assumir um compromisso com a promoção do conhecimento científico sobre os efeitos positivos das bandas neuromusculares. Deste modo, as suas formações são sempre suportadas numa aprendizagem evidence-based e no conhecimento advindo da experiente prática clínica dos seus formadores.


Com esta opção no leque dos teus recursos clínicos, conjugarás as tuas habilidades de avaliação e diagnóstico com a tua capacidade de análise do movimento humano, com o fim de conceberes uma abordagem mais global e integradora.

Ver Mais

Fonte:

1. Chen,W., Hong, W., Huang, T.F., & Hsu, H., (2007) Effects of kinesio taping on the timing and ratio of vastus medialis obliquus and vastus lateralis for person with patellofemoral pain. Journal of Biomechanics. 40(S2), S318.

2. Chien-Tsung Tsai et al. (2010) Effects of Short-term Treatment with Kinesiotaping for Plantar Fasciitis. Journal of Musculoskeletal Pain. 18 (1) 71-80.

3. Dae-Young K, Byoung-Do S. (2012). Immediate Effect of Quadriceps Kinesio Taping on the Anaerobic Muscle Power and Anaerobic Threshold of Healthy College Students. Journal of Physical Therapy Science. Vol. 24 Issue 9, p919.

4. Fratocchi, G et al. (2012). Influence of Kinesio Taping applied over biceps brachii on isokinetic elbow peak torque. A placebo controlled study in a population of young healthy subjects. Journal of Science and Medicine in Sport. July 2012.

5. Kalron A, Bar-Sela S. (2013) A systematic review of the effectiveness of Kinesio Taping® – Fact or fashion? Eur J Phys Rehabil Med. 2013 Apr 5.

6. Wong, O. M. H., et al., Isokinetic knee function in healthy subjects with and without Kinesio taping, Physical Therapy in Sport. (2012), doi:10.1016/j.ptsp.2012.01.004.

7. Hsu, Y., Chen, W., Lin, H., Wang, W.T.J., & Shih, Y., (2008). The effects of taping on scapular kinematics and muscle performance in baseball players with shoulder impingement syndrome. Journal of Electromyography and Kinesiology. 19, 1092-1099.

8. Thelan, Dauber & Stoneman (2008). The Clinical Efficacy of Kinesio Tape for Shoulder Pain: A Randomised, Double-Blinded Clinical Trial. Journal of Orthopaedic and Sports Physical Therapy. 38 (7) 389-395.

9. Simsek et al. (2013). Does Kinesio taping in addition to exercise therapy improve the outcomes in subacromial impingement syndrome? A randomized, double-blind, controlled clinical trial. Acta Orthop Traumatol Turc. 47(2):104-110.

10. Yoshida, A.& Kahanov, L., (2007). The effect of kinesio taping on lower trunk range of motions. Research in Sports Medicine. 15 103-112.

11. Lemos, T. V., Júnior, J. R., Santos, M. G., Rosa, M. M., Silva, L. G., & Matheus, J. P. (2018). Kinesio Taping effects with different directions and tensions on strength and range of movement of the knee: a randomized controlled trial. Brazilian Journal of Physical Therapy , pp. 1-8.

12. Kaltenborn, J. M. (2007). Kinesio Taping®, Part 1: An Overview of Its Use in Athletes. Athletic Therapy Today. San Jose, Estados Unidos da América.

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