Exercício

Sistema imunológico e exercício físico

A interacção exercício, nutrição e resposta imune

O sistema imunológico é o mecanismo de defesa do organismo contra agentes estranhos (antigénios). Põe em jogo uma rede complexa de células e factores solúveis que interagem no sentido de reconhecer o “próprio” do “não próprio” e de gerar “memória” da primeira exposição aos agentes estranhos.


Obviamente o conceito de “não próprio” abarca não só agentes agressores exógenos como algumas moléculas geradas pelo próprio metabolismo do indivíduo e que, se não combatidas e eliminadas, poderão constituir-se como deletérias para o normal funcionamento orgânico. Por exemplo, certas células do sistema imune (linfócitos T citotóxicos, monócitos/macrófagos e células Natural Killer, são capazes de reconhecer e matar células tumorais providenciando “vigilância imunológica” contra crescimentos neoplásicos espontâneos.


A resposta imune divide-se em duas grandes funções: imunidade inata (natural) e imunidade adaptativa (adquirida). A imunidade inata é constituída por barreiras físicas (e.g. pele, epitélio celular, mucus), barreiras químicas (complemento, lisozimas, pH dos fluidos corporais, proteínas de fase aguda, outras secreções) e diversos tipos de células (monócitos/macrófagos, granulócitos e células Natural Killer – NK). A imunidade adquirida subdivide-se e, humoral (anticorpos e memória) e mediada por células (linfócitos T).


Todas as células envolvidas na resposta imune provêm de um predecessor comum – a célula estaminal hematopoiética da medula óssea.


A resposta imune envolve células, factores solúveis e moléculas mensageiras.


Factores solúveis segregados por várias células do sistema imune: citoquinas (interferões alfa, beta e gama; interleucinas, factor estimulador de colónias, factor de necrose tumoral e factor transformador de crescimento), proteínas de fase aguda, complemento, quimioquinas e imunoglobulinas ou anticorpos. Os factores solúveis activam e regulam a actividade das células imunes.


De uma forma geral, a expressão da leucocitose está directamente relacionada com a duração e intensidade do esforço, e inversamente relacionada com a condição física do sujeito. Hidratação, estado nutricional e condições climatéricas podem condicionar a expressão da leucocitose.


A leucocitose é fundamentalmente devida ao aumento do número de neutrófilos e menor aumento quer de linfócitos quer de monócitos.


Embora os dados sejam conflituais parece que em repouso, atletas especialistas de esforços prolongados, apresentam baixas contagens leucocitárias. Estudos que conduzimos verificaram, em repouso, em especialistas de esforços prolongados, elevadas percentagens de linfócitos, baixa contagem de neutrófilos, mantendo-se os monócitos dentro dos valores de referência laboratorial. Existe uma grande variabilidade individual na resposta imune ao exercício.


Em animais foi comprovado que uma dieta rica em ácidos gordos ómega 3 (óleo de peixe) reduzia o stresse consequente à aplicação de endotoxina, IL-1 e TNF. Também a administração de óleo de linhaça (ómega 3) aboliu, em animais pós-exercício, a imunodepressão da resposta das células formadoras de placa em reacção com a IgM.


Embora os antioxidantes (e.g. vitaminas C, E e Carotenoides) estejam directamente relacionados com a neutralização das espécies reactivas produzidas pelos neutrófilos durante a fagocitose ou como resultado natural do processo de respiração celular durante o exercício, os resultados dos vários estudos são conflituais.


Embora um estudo tenha verificado que a suplementação com vitamina C reduziu o número de incidências de infecções das vias respiratórias superiores (URTI) após uma ultramaratona, um estudo de caso que conduzimos não verificou a diminuição dos episódios de URTI, nos períodos de toma de vitamina C, num sujeito em processo de treino intenso e prolongado que apresentava de forma crónica alguns sinais de imunodepressão.

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Fonte:

Artigo por José Augusto Santos

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