Saúde

Marta Massada: o fabuloso percurso de uma jovem médica

Urge questionar a abordagem tradicional e levar o conhecimento da tendinopatia mais além

Marta Massada quase que dispensa apresentações pelo trajecto exímio no âmbito da Medicina Desportiva em Portugal.


Com um currículo invejável, Marta Massada é hoje a responsável pelo Departamento Médico da Federação Portuguesa de Voleibol (FPV), desenvolvendo ainda actividade clínica frequente junto do Leixões Sport Clube e Atlético Voleibol Clube.


É co-autora do livro Injuries and Health Problems in Football (What Everyone Should Know) (2018) e do livro The Knee: Reconstruction, Replacement, and Revision (2012), sendo membro convidado do Editorial Board do Journal of Sports Medicine and Doping Studies.


Da sua actividade científica no âmbito da Ortopedia e da Medicina Desportiva destaca-se a participação em vários congressos, percursos académicos e reuniões científicas.


Há muito que não sabemos acerca da tendinopatia. Mas há verdades que são inalienáveis e que clínicos, treinadores, atletas e pacientes, têm de conhecer:


1. A tendinopatia não melhora com o repouso – ainda que a dor atenue, o retorno à actividade é muitas vezes doloroso, na medida em que o repouso não aumenta a tolerância do tendão à carga.


2. Embora existam alguns bioquímicos inflamatórios e células envolvidas na tendinopatia, não é considerada uma resposta inflamatória clássica - os anti-inflamatórios podem ajudar se houver níveis elevados de dor, mas não está claro o efeito sobre as células/patologia.


3. A tendinopatia pode ser causada por diversos e distintos factores de risco - o principal factor é uma mudança súbita em certas actividades (as que exigem que o tendão armazene energia e cargas que comprimem o tendão). Poderá haver ainda uma predisposição biomecânica ou factores sistémicos.


4. O exercício é o tratamento mais evidence-based para a tendinopatia - os tendões precisam de ser sujeitos a uma carga progressiva para que possam desenvolver uma maior tolerância às cargas que o paciente suporta no seu dia-a-dia.


5. A modificação da carga é importante para a redução da dor no tendão - Isso geralmente envolve a redução (pelo menos a curto-prazo) da carga abusiva sobre tendão que envolve armazenamento de energia e compressão.


6. Patologia em imagem ecográfica não significa existência de dor - mesmo com o tratamento mais bem-intencionado, a patologia provavelmente não reverterá na maioria dos casos. Portanto, a maioria dos tratamentos é direccionada para melhorar a dor e a função, em vez da cicatrização do tecido.


7. A tendinopatia raramente melhora, a longo-prazo, exclusivamente com tratamentos passivos (ex.: massagem, ultra-som, injecções, ondas de choque) - O exercício físico é, na maioria dos casos, vital. Múltiplas injecções, em particular, devem ser mesmo evitadas.


8. O exercício precisa ser individualizado – ou seja, baseado na apresentação da dor e da função do utente.


9. A tendinopatia responde muito lentamente ao exercício – é necessária paciência e a garantia que o exercício é o mais adequado e que progride adequadamente. Tentar resistir à tentação comum de aceitar "atalhos", como injecções e cirurgias. Muitas vezes não há atalhos.


Ver Mais

Fonte:

Abate M, Gravare-Silbernagel K, Siljeholm C, et al.: Pathogenesis of tendinopathies: inflammation or degeneration? Arthritis Research and Therapy. 2009, 11:235.

Cook J, Purdam C: Is compressive load a factor in the development of tendinopathy? British Journal of Sports Medicine. 2012, 46:163-168.

Littlewood C, Malliaras P, Bateman M, et al.: The central nervous system–An additional consideration in ‘rotator cuff tendinopathy’and a potential basis for understanding response to loaded therapeutic exercise. Manual therapy. 2013.

Malliaras P, Barton CJ, Reeves ND, Langberg H: Achilles and Patellar Tendinopathy Loading Programmes. Sports Medicine. 2013:1-20.

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