1960, Breig introduziu o termo “tensão mecânica adversa”.
1982, Maitland e Elvey desenvolveram os testes de tensão neural adversa.
1991, Butler denominou a “mobilização do sistema nervoso”.
1995, Shacklock sugeriu o termo “neurodinâmica”, para facilitar a associação entre a fisiologia, fisiopatologia e a mecânica no tratamento do sistema nervoso.
A principal função do Sistema Nervoso (SN) é a condução de impulsos; porém, esta é extremamente dependente da parte mecânica deste sistema e vice-versa. A interligação da função mecânica e fisiológica do SN foi reunida no termo Neurodinâmica.
Se este sistema apresenta normalidade neurodinâmica, significa que as suas propriedades mecânicas e fisiológicas estão normais. A função do SN não é a de apenas conduzir impulsos decorrentes de grandes amplitudes e complexos movimentos, mas também adaptar-se mecanicamente a esses movimentos, retraindo-se e alongando-se, podendo até mesmo limitar essas amplitudes em certas combinações de movimentos.
Quando a neurodinâmica está alterada, ocorre o que se denomina de Tensão Neural Adversa (TNA), que consiste numa resposta mecânica e fisiológica anormal quando a amplitude normal do SN e a sua capacidade de alongamento são testadas.
A actividade adequada do SN depende da sua integridade. O comprometimento da mecânica e da fisiologia do SN pode resultar em disfunções próprias do mesmo, bem como das estruturas músculo-esqueléticas que recebem a sua inervação.
Os testes neurodinâmicos envolvem a aplicação de um conjunto de movimentos passivos destinados a testar a capacidade de adaptação do tecido neural a diferentes posições funcionais.
A Mobilização Neural (MN) é uma técnica que tem como objectivo restaurar o movimento e a elasticidade do SN, o que promove o retorno às suas funções normais e a redução do quadro sintomático. Embora a MN não seja amplamente conhecida, o conceito de aplicar um tratamento mecânico para o tecido neural não é novo. Princípios e métodos do alongamento neural já existem desde o ano 1800 e progressivamente foram sendo aperfeiçoados em termos teóricos e práticos.
Considerando que a TNA é um dos factores que limita o movimento, presume-se que a sua resolução ou diminuição por meio da MN resultaria numa melhor dinâmica neural e, consequentemente, permitiria uma maior ADM.
Graças ao comportamento viscoelástico do tecido nervoso, as suas propriedades estruturais e biomecânicas podem ser modificadas em resposta a stress mecânico. A mobilização neurodinâmica pode ser aplicada através de movimentos que causam tensão ou deslizamento do nervo, para activar funções fisiológicas e visco-elásticas. É aplicada aos tecidos neurais por aumento da distância entre a extremidade do trato nervoso, através do movimento articular.
Excursão - “Sliders” = com o intuito de restaurar a mobilidade do tecido neural, não é aplicada tensão exagerada no nervo e assim optimiza-se o movimento relativamente a estruturas vizinhas.
Tensão – “Tensioners” = restaura a mobilidade fisiológica e melhora a propriedade visco-elástica do tecido neural.
Indicação Excursão = quando a dor é residual ou o desconforto são os sintomas principais. Optimiza o fluxo sanguíneo localmente que, por sua vez, aumenta a oxigenação dos tecidos neurais em acção. Em primeira instância quando a mobilidade do SN se encontra reduzida em baixa magnitude. Em segunda instância nas alterações tensionais da estrutura nervosa ou quando a mobilidade está altamente afectada.
Excursão com Exercício = indicação para síndromes dolorosos residuais ou desconforto muscular. No pós exercício serve como prevenção de possíveis agravamentos álgicos. Distribuído por 2 a 3 séries com intervalo de 10 segundos, num total de até 30 repetições. Assintomáticos 3 séries com 10, 15, 20 repetições.
Indicação Estiramento = intervenção mais potente que a mobilidade em excursão, nas possíveis respostas de reacções adversas. Estimular a mobilidade às mudanças de tensão sujeitas, obtendo duas possíveis respostas: redução da sensação de tensão e optimização da capacidade visco-elástica da estrutura.
Estiramento com Exercício = indicação para síndromes álgicos mais instalados. Não se pretende alongar o SN nem evocar sintomas durante o exercício. É possível provocar reacções posteriores à aplicação da intervenção. 2 a 30 repetições.
A Neurodinâmica cria maior impacto na percepção individual de alongamento ou dor ao estiramento. A técnica em excursão, em indivíduos com diminuição de flexibilidade (SLR < 80º) mostra ter mais ganhos de amplitude comparativamente a um protocolo de alongamento estático e em excursão em atletas futebol mostrou ter mais ganhos de flexibilidade comparativamente ao estiramento neural. Teve ainda mais efeito agudo na percepção da tensão muscular, contudo é necessário comprovar se são ganhos que se mantêm no tempo. A neurodinâmica em excursão durante 7 minutos gerou maior hipoalgesia do que o estiramento. Outro estudo mostra resultados imediatos e significativos no ganho de amplitude de movimento da extensão do cotovelo em indivíduos com tensão neural adversa do nervo mediano.