Certamente tens ouvido falar imenso dos temas mobilidade, amplitude de movimento, … mas afinal qual é a importância destas componentes no desempenho dos teus atletas e pacientes?
Se a mobilidade não está presente em níveis aceitáveis, seguramente a qualidade do movimento será pobre. Apresentar boa mobilidade é condição obrigatória para que se possam realizar, portanto, tarefas mais complexas, sem que essas mesmas tarefas se tornem prejudiciais.
Em consequência e logo à priori, poderemos considerar a mobilidade como pré-requisito na prevenção de lesões.
Até aqui todos de acordo, certo?
Contudo, o papel da mobilidade na performance não parece tão directo.
Para entender verdadeiramente o conceito devemos primeiro saber que limita a ADM (amplitude de movimento), embora saibamos que é o sistema nervoso (central e periférico) o maior limitador.
Um dos principais motivos pelos quais a mobilidade limita a ADM é pela falta de segurança, propriocepção e/ou estabilidade numa posição articular específica. Portanto, inicia uma cascata aferente e eferente de sinalização que limita o progresso da ADM.
Além disso, não só ocorre uma limitação na expressão da ADM, mas também se vê reduzida a capacidade de aplicar força nessa posição articular e áreas circundantes.
Isto é crucial numa multiplicidade de desportos como o powerlifting ou o CrossFit, nos quais se aplica frequentemente força em posições articulares máximas (ex.: sumo deadlift, agachamento profundo, um clean ou um handstand). Importante sublinhar ainda que não apresentar uma ADM residual confortável impossibilitará tirar o proveito de toda a inércia que isso acarretaria.
Vamos considerar o exemplo do kipping pull-up em CrossFit. Se os meus ombros e coluna torácica só forem capazes de chegar a uma flexão glenoumeral bilateral perpendicular ao solo, perderei toda a inércia que obteria em cada repetição se pudesse exceder a ADM.
Outros benefícios recaem na curva de tensão-longitude, uma vez que o trabalho óptimo da mobilidade nos leva a explorar novas zonas dessa curva.
Grande percentagem das lesões musculares ocorre durante as contracções excêntricas, pelo que trabalhar essa zona da curva tensão-longitude incrementará a capacidade adaptativa da unidade músculo-tendinosa e, por conseguinte, haverá uma crescente tolerância a maiores cargas excêntricas.