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A importância do diafragma no treino funcional

O diafragma é uma peça-chave para qualquer tratamento visceral.

Michelangelo de Oliveira, especialista em exercício físico e instrutor certificado da escola Strong First, formador Master dos cursos de Treino com Kettlebell, traz hoje ao nosso Blog um artigo onde nos fala sobre a importância do diafragma no treino funcional.


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Ao longo dos últimos anos onde a minha abordagem é totalmente focada no treino das competências físicas dos indivíduos e contando com centenas de horas em cursos pós-graduados como o OS, FMS, GFM, SFG, SFL e BPro, descobri a importância de um músculo que é tantas vezes negligenciado e que também precisa de ser treinado. Refiro-me ao músculo diafragma torácico.


Observo inúmeros clientes com queixas dolorosas na coluna cervical e lombar ou ainda queixas articulares por não conhecerem a correcta função do músculo diafragma e a implicação que este apresenta no bom funcionamento do corpo humano.


Ele encontra-se estrategicamente posicionado no corpo humano para que possa assegurar uma multiplicidade de funções. Algumas das mais importantes são:

- O coração e os pulmões repousam sobre o diafragma;

- O esófago, a artéria aorta e a veia cava, atravessam o diafragma através dos respectivos foramens;

- O estômago, o fígado, o baço e os rins possuem ligamentos directos com o diafragma;

- O intestino que tem relação indirecta através das outras vísceras.


Do ponto de vista funcional, é bem conhecida a participação do diafragma respiratório na criação das pressões intracavitárias. Durante a sua contracção no ciclo inspiratório, grandes volumes de ar são aspirados, induzidos pela pressão negativa criada na cavidade torácica, enquanto que, no interior da cavidade abdominal, as pressões positivas predominam nessa fase do ciclo.


No abdómen, estas pressões geram movimentos viscerais importantes para a dinâmica circulatória e trofismos viscerais (SOUZA, 2014). Outro aspecto fundamental da função pressórica diafragmática é sua participação no mecanismo de estabilização vertebral e na postura corporal (VOSTATEK et al., 2013). Disfunções na relação de cooperação sinérgica entre o diafragma, músculos abdominais, músculos do pavimento pélvico e músculos profundos lombares, são as principais causas de mudanças posturais, patologia vertebral como a espondilólise, espondiloartrose e lesão discal (HODGES; RICHARDSON, 1999).


Anatomicamente, o músculo diafragma tem sido considerado uma estrutura única, mas evidências funcionais sugerem que ele seja considerado dividido em duas partes. A parte costal, muscular e periférica, e parte crural, localizada mais na região central e posterior, junto à coluna vertebral, envolvendo os hiatos esofágico e aórtico. Tal divisão justifica-se pelas acções fisiológicas dissociadas. Enquanto a parte costal actua no processo mecânico da mobilidade costal envolvida na função respiratória, a parte crural participa na barreira antirrefluxo gastroesofágico, como um esfíncter funcional (PICKERING; JONES, 2002).


Alterações do diafragma podem originar:

- Dores ao longo das últimas costelas, na região do esterno, do trapézio e dos ombros;

- Cervicalgia e lombalgia, causadas pela sobrecarga dos músculos superficiais por insuficiente estabilidade profunda

- Repercussões sobre a vascularização, principalmente no retorno venoso pela relação estreita que apresenta com a veia cava inferior;

- Alterações sobre o sistema nervoso autónomo, entre outros.


"A respiração natural precisa ser entendida. Observa crianças pequenas, elas respiram naturalmente. Isto porque crianças pequenas estão repletas de energia. Os pais estão cansados, mas elas não estão cansadas."


Observa a respiração de uma criança. Essa, em principio, será a forma correcta de respirar. Aquando da inspiração o peito permanece quase imóvel, enquanto que o seu abdómen será aquele que mais se vai movimentar. Irá aumentar e diminuir de volume na inspiração e expiração respectivamente.


Exercício Respiração Crocodilo:





A "Respiração Crocodilo" é um método simples e relativamente eficaz para fornecer feedback sobre o tipo de respiração a realizar.


Quando a barriga se expande para os lados e pressiona o chão, iremos observar as costas num movimento de subida e descida. Esta técnica é impressionante para zerar ou reconectar a respiração e recordar o cérebro que existem outras opções além da respiração apical (respiração torácica).


Realize esta técnica de respiração 3x durante 10 respirações, Cuidado para não inspirar primeiro no peito!!! 

Ver Mais

Fonte:

Boyle Michael, Avanzamenti nel l’allenamento funzionale ,Ed.Ciccatelli,2012.

Kimber, Gray,Stackpole. Anatomia e Fisiologia , Ed.Piccin ,1985.

Zonin Fabio , Master SFG. Kettlebell- Duro e Essenziale. Ed. Pure Power,2013.

Pavel Tsatsouline. Kettlebell- Simple & Sinister . Ed Pure Power,2014.

Loukas M., Shoja M.M., Thurston T., Jones V.L., Linganna S., Tubbs R.S. Anatomy and biomechanics of the vertebral aponeurosis part of the posterior layer of the thoracolumbar fascia. Surg Radiol Anat. 30(2): 125– 129, 2008.

Moore K.L., Dalley A.F. Anatomia Orientada para a Clínica. Ed. Guanabara Koogan, 2007.

Manual StrongFirst - kettlebell Course from Geoff Neupert ,2016.

The Foundations Manual -Original Strength , from Tim Anderson and Geoff Neupert, 2014.

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