Saúde

Electroestimulação Muscular: a verdade escondida e o perigo à espreita

Artigo de opinião do especialista em Treino de Alto Rendimento Desportivo, Tiago Rocha.

Nos últimos tempos surgiu no mercado do fitness a oferta de um serviço que promete melhores resultados em apenas 20 minutos por semana! Falamos da Estimulação Eléctrica Muscular (EEM).


O especialista em Treino de Alto Rendimento Desportivo e formador da Master, Tiago Rocha, escreveu um artigo de opinião de extrema pertinência que não poderíamos deixar de partilhar contigo.


Deixamos-te aqui um breve resumo, mas poderás ler o artigo na íntegra ao clicares nesta ligação.


Ora o que acontece na EEM? No caso da EEM um estímulo eléctrico externo provoca uma despolarização do sarcolema e consequente contração das fibras musculares.


Inicialmente a EEM era utilizada na reabilitação de lesões, principalmente aquando da existência da impossibilidade de movimentar um segmento corporal, no entanto daí até à criação de sessões nas quais o aluno realiza vários exercícios enquanto recebe choques eléctricos foi um pequeno passo!


Posto isto, fica a conhecer alguns aspectos que devem ser considerados:


1. A utilização de um estímulo eléctrico externo negligencia a componente química da contração muscular - deste modo, salvo raras excepções (ex: casos nas quais não deva acontecer movimento articular), isto nunca será uma boa estratégia.


2. O limiar de excitabilidade das fibras intrafusais é bastante inferior aos das fibras extrafusais - o potencial de acção gerado para provocar a contração das fibras extrafusais é nocivo para as fibras intrafusais, o que acarreta implicações nefastas na proprioceptividade.


3. A mesma corrente pode ter efeitos bastantes díspares em diferentes sujeitos (Princípio da Individualidade Biológica) - num indivíduo pode originar uma contração mínima e em outro uma contração intensa.


4. Os mecanismos de segurança do SNC contra a geração de tensões prejudiciais ficam comprometidos – uma vez que o estímulo não é gerado pelo SNC, não há como saber se a magnitude da estimulação utilizada é benéfica ou nociva, pois os mecanismos internos que avaliam este e outros factores são negligenciados.


5. A EEM não traz benefício adicional aos resultados estéticos e/ou desportivos - ao realizarmos uma contração muscular intensa, utilizando cargas elevadas, velocidades altas, e levando o músculo até à falha já estaremos a activar todas as unidades motoras disponíveis, sem necessidade alguma de recorrer à EEM.


A esta altura certamente já estarás a questionar:

- Porque razão iríamos aumentar a excitabilidade cortical de um indivíduo saudável utilizando a EEM?

- Estão cientes que esse aumento de excitabilidade cortical pode originar a ocorrência de alguns mecanismos lesivos tais como denervação, focos ectópicos, transmissão "ephatic" (também conhecida como "cross-talking")?

-  Estão conscientes de um fenómeno chamado excitotoxicidade, no qual existe morte celular causada por uma hiperexcitação dos neurónios?

- Têm presente que uma hiperexcitabilidade cortical está associada a algumas doenças degenerativas, bem como a casos de epilepsia?


Se este é um tema do teu interesse, então desafiamos-te a partilhares as tuas questões com o Tiago Rocha no curso NEUROFISIOLOGIA DO MOVIMENTO.






(as ideias expressadas neste artigo são da exclusiva responsabilidade do seu autor)

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