Exercício

Prevenção de Lesões no Trail Running

A análise do movimento está intimamente ligada à prevenção de lesões

Nos dias atuais, as corridas de montanha ainda não são foco de uma ampla produção científica, o que obriga a confiar nas conclusões de estudos que representam condições semelhantes às encontradas nesta tipologia de corrida.


Em 2017, o Sports Medicine publicou um estudo [1] de revisão dos aspetos biomecânicos e fisiológicos que se desencadeiam durante a corrida em declive ascendente e declive descendente.


A maioria dos estudos apresentados neste artigo e que serviu de suporte à análise foram realizados com recurso a uma passadeira que permitia a manipulação da inclinação.


Em baixo deixamos-te um resumo da análise do movimento da corrida em declives, realizada pelos autores do referido estudo.


1. Aspetos biomecânicos:

-Correr numa trajetória em declive ascendente aumenta o tempo de contacto em relação a trajetos em descidas que, por sua vez, apresenta um tempo de contacto similar ao da corrida em plano.

- O tempo de voo diminui durante a subida, enquanto que no declive descendente aumenta em relação à corrida em plano.

- A frequência do passo aumenta aquando da corrida em declive ascendente e desce aquando da corrida em declive descendente.

- O trabalho mecânico interno em declive ascendente aumenta e em declive descendente diminui.


2. Prevenção de lesões e aspetos fisiológicos:

- O gasto energético em declive ascendente aumenta de forma linear, enquanto que em declive descendente diminui até um declive de -20%, ponto a partir do qual o gasto aumenta.

- Correr com graus de inclinação gera mudanças ao nível da eletromiografia na musculatura das extremidades inferiores (p. ex., aumento na musculatura da coxo-femoral em declives ascendentes).

- Correr em declives descendentes aumenta os mecanismos de lesão, devido ao aumento da força de impacto.

- Existem diferenças nas articulações na fase de estabilização, o que pode estar relacionado com o desenvolvimento de lesões.


A análise do movimento está intimamente ligada à prevenção de lesões.


Saber analisar aspetos cinemáticos e cinéticos pode facultar-nos dados sobre padrões, como pode constatar-se no artigo "An Evidence-Based Videotaped Running Biomechanics Analysis" (2016) [2].


Sem ir mais longe, o artigo "Prevention of running injuries" (2010) [3] lança uma lista de fatores relacionados com a prevenção de lesões no corredor:

- Fatores anatómicos

- Treino de força

- Fatores psicológicos

- Uso de aparelhos ortopédicos

- Erros no treino

- Alongamentos

- Aquecimento

- Calçado


Como podes observar, estes estudos estão relacionados com a corredores de asfalto, mas se compararmos os dados obtidos no artigo "A retrospective case-control analysis of 2002 running injuries" (2002) [4], onde as lesões mais numerosas foram as de joelho e tornozelo, com os resultados enunciados no livro "Mountain, Sky, and Endurance Running. In Adventure and Extreme Sports Injuries" [5], onde as lesões mais representadas são também nestas articulações, podemos deduzir que existe efetivamente uma similaridade entre as lesões que acometem os atletas de asfalto e de montanha.

Ver Mais

Fonte:

1. Vernillo G. et al (2017). Biomechanics and Physiology of Uphill and Downhill Running. Sports Med.

2. Souza, R.B. (2016). An Evidence-Based Videotaped Running Biomechanics Analysis. Physical Medicine and Rehabilitation Clinics of North America.

3. Fields, K. B. et al (2010). Prevention of running injuries. Current Sports Medicine Reports.

5. Mei-Dan, Omer et al (2013). Adventure and extreme sports injuries: Epidemiology, treatment, rehabilitation and prevention. Editora Springer.

Taunton, J. E. et al (2002). A retrospective case-control analysis of 2002 running injuries. British Journal of Sports Medicine.

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