Saúde

SDP acomete mais de 10% da população portuguesa

Orlando Alves da Silva afirma que SDP poderá ser tratada com eficácia superior a 90%

Uma série de sintomas combinados têm alertado os diversos profissionais que trabalham com a postura.


Sem a orientação espacial adequada, a transmissão e a integração de informações necessárias para o equilíbrio postural fica desfasada e o cérebro passa a dar ordens inadequadas a diversas estruturas do organismo, o que caracteriza um distúrbio do funcionamento do sistema proprioceptivo. 


O médico português Orlando Alves da Silva é um dos maiores experts do mundo em postura e um dos mais especializados na Síndrome de Deficiência Postural (SDP). O criador das regras de prescrição das lentes prismáticas para o tratamento da SDP, afirma que mais de 10% da população portuguesa sofre desta síndrome, a qual pode ser tratada com eficácia superior a 90%. 


Em baixo deixamos a resposta às habituais dúvidas relacionadas com este distúrbio.


Qual é a origem da SDP?

A SDP tem origem no mau funcionamento do chamado sistema postural fino. O funcionamento deste sistema depende da coordenação do olho e músculos oculares, articulação temporo-mandibular e dentes, ouvido interno e “sensibilidade” da planta dos pés (transmitida pelo eixo constituído pelos membros inferiores e coluna vertebral). As consequências que podem advir da violação desta harmonia biomecânica sucedem-se num rol tão variado quanto surpreendente.


Qual é a faixa etária com maior predisposição para a SDP?

A SDP pode manifestar-se em crianças, jovens ou adultos, mas é nas crianças que poderá detectar-se mais precocemente, se não se ignorarem os sinais e sintomas.

A criança pode começar a apresentar falta de atenção, desconcentração, dificuldade na leitura e na aprendizagem de conteúdos escolares, o que poderá originar desconfiança de dislexia ou déficit de atenção. Nos idosos, a descompensação do sistema proprioceptivo ocorre em função do envelhecimento postural. 


A SDP é facilmente diagnosticada em contexto clínico?

A SDP geralmente não é diagnosticada como tal, na medida em pode apresentar-se sob as formas mais diversas: depressão, cefaleias, tonturas, angústia e mal-estar em espaços abertos, perda de sentido de orientação, dificuldade em caminhar em linha recta de olhos fechados, quedas sem motivo aparente, dores nas costas ou disseminadas pelo corpo e disfunções cognitivas (dislexia, disgrafia, disortografia, falta de atenção e hiperactividade). Geralmente os utentes com SDP apresentam mais do que uma destas patologias associadas. Pelo vasto leque de queixa é habitual o recurso a múltiplas especialidades médicas, sendo habitual o diagnóstico de doença crónica.


Há um tratamento específico da SDP mediante os sintomas do utente?

Todos os sintomas podem ser eliminados com o mesmo tratamento, com alguns detalhes particulares em função dos sintomas e de acordo com o tipo de Síndrome de Deficiência Postural. Isto significa que pode ser usado o mesmo tratamento para uma disfunção cognitiva, para uma dor ou para uma vertigem.


Qual a relação entre a dislexia e a SDP? 

Do problema postural decorre uma instabilidade ocular que interfere com a informação visual que chega ao cérebro, tornando-o incapaz de reconhecer determinadas letras e representações gráficas. Orlando Alves da Silva relata que em mais de 90% dos casos a dislexia é uma manifestação da SDP.


Quais são os indicadores nas dificuldades de aprendizagem que se enquadram no quadro clínico da SDP?

Segundo Orlando Alves da Silva são:

- Défice de convergência tónica – sente fadiga ocular e interrompe a leitura

- Escotomas – quando lê pode saltar palavras

- Memória – num dia sabe a matéria estudada, no dia seguinte falha as respostas.

- Concentração – sempre distraída.

- Interpretação – quando interpreta um texto a criança só memoriza a última parte.

- Hiperactividade – dois tipos de comportamento: muito calmos ou muito irrequietas e indisciplinadas.

- Erros de localização espacial – tem dificuldade em organizar os cadernos, a letra é irregular, quando lê salta linhas do texto sem dar conta, dá mais erros na cópia que no ditado, é desastrada e cai com frequência.

- Perda de auto-estima – por serem crianças inteligentes que procuram dar o seu melhor, apercebem-se da sua incapacidade e sentem-se injustiçadas por as rotularem de cabeças no ar, preguiçosas e desastradas.

- Perturbações de processamento do texto – pode manifestar um quadro de dislexia clássica.

- Percepção auditiva – pode ter dificuldade em perceber em tempo real o que lhe foi transmitido, outras vezes a criança ouve, mas não consegue descodificar o que ouve.


O que são as lentes prismáticas?

Orlando Alves da Silva desenvolveu a área da oftalmoposturologia descobrindo o código de prescrição das lentes prismáticas activas para correcção dos sinais e sintomas da SDP. Estas lentes diferem das lentes usadas para corrigir desvios oculares. 


De que forma as lentes prismáticas actuam na SDP?

Em muitos casos, a SDP pode diminuir a capacidade de convergência dos olhos, tornando o utente incapaz de fixar o mesmo ponto por períodos de tempo normais. As lentes prismáticas são activas e produzem um relaxamento nos músculos oculomotores, transmitido a todos os restantes músculos a eles associados podendo, se for este o caso, eliminar os sintomas de postura incorrecta.

Aprende a intervir na Síndrome de Deficiência Postural: a executar técnicas de diagnóstico postural e a proceder ao tratamento recorrendo à reprogramação postural, à ergonomização e à prescrição dos conselhos posturais.

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