Saúde

VANTAGEM DO RECURSO À GINÁSTICA HIPOPRESSIVA NO TRATAMENTO DA IU

De acordo com um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto em parceria com a Associação Portuguesa de Urologia (APU), 1 em cada 5 portugueses com mais de 40 anos sofre de incontinência urinária (IU). Vários outros estudos têm demonstrado a importância da prática dos exercícios hipopressivos na prevenção e no fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico e consequente melhora da propriocepção perineal.

Face à elevada prevalência da IU, a Organização Mundial de Saúde identificou a patologia como um problema maior de saúde pública - afecta mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo. 

estudo epidemiológico - o primeiro realizado em Portugal - demonstrou que esta patologia afecta sobretudo as mulheres (21,4% contra 7,6% dos homens). 

Dentro do género feminino, a faixa etária mais afectada por esta patologia é a dos 60 aos 79 anos de idade, cuja prevalência ultrapassa os 25%. No entanto, contrariando o estereótipo de que a incontinência está associada a uma idade bastante avançada, o estudo permitiu comprovar que mais de 18% das mulheres com idades compreendidas entre os 40 e os 59 anos - activas - sofre deste problema. Nos homens, os mais afectados são os mais velhos. Nos indivíduos com idades superiores a 80 anos a prevalência chega aos 21,6%. 

O estudo demonstrou ainda que, dos indivíduos que apresentavam sintomas de incontinência, apenas 4,9% tinham declaração de diagnóstico. Segundo os especialistas, a pouca importância atribuída à patologia, considerada um "problema normal da idade", e o constrangimento em reportá-la podem estar na base da diferença entre a prevalência da incontinência e o número de diagnósticos.

Nos Estados Unidos os custos associados a bexiga hiperactiva são aproximadamente de 4,4 mil milhões de dólares anuais, entre diagnóstico, cuidados de rotina e tratamento. Estas patologias têm sido crescentemente reconhecidas como tendo fortes impactos biológico e psicossocial, associados à diminuição da qualidade de vida, afectando aspectos sociais, psicológicos, físicos ou sexuais. Por outro lado, as consequências de saúde relacionadas com incontinência são variadas, como a ocorrência de quadros depressivos, dermatite associada a incontinência, aumento do número de fracturas e perturbações de sono.
A opinião dos médicos é quase unânime. O treino específico dos músculos do assoalho pélvico (MAP) estão na base do tratamento da incontinência urinária de esforço. Mais recentemente, foi também reconhecida a sua importância e implicação no tratamento da bexiga hiperativa e do prolapso genital.

Resumindo, o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico é o principal factor de prevenção do problema. 

Um dos estudos que comprova a eficácia da inclusão das Técnicas Hipopressivas nos tratamentos da incontinência urinária, foi publicado na revista Fisioterapia Brasil (volume 12, nº. 5) - Ginástica hipopressiva como recurso proprioceptivo para os músculos do assoalho pélvico de mulheres incontinentes.

Os resultados demonstraram que após a prática dos exercícios hipopressivos ocorreu um aumento da função muscular do pavimento pélvico e consequente melhora da propriocepção perineal. 

Graças à elevação das cúpulas diafragmáticas e dos MAP gerados pela diminuição da pressão no interior da cavidade abdominal, durante a manobra de aspiração diafragmática, provou-se o benefício do movimento sincronizado entre o diafragma e o pavimento pélvico.

Os investigadores evidenciaram ainda a elevada adesão a este tipo de tratamento, derivado ao facto de os pacientes se identificarem e adaptarem facilmente aos exercícios hipopressivos e ao facto de incorporarem a respiração e a postura, numa abordagem global ao indivíduo em particular. 

O relaxamento do períneo acomete um grande número de mulheres. É crucial sensibilizar as pacientes para a importância da prevenção e do fortalecimento da região, como forma de prevenção de episódios de incontinência urinária. Orientação no pré-parto, realização correcta de exercícios e exames periódicos ajudarão a preservar esta região.

No caso das pacientes que já apresentam incontinência urinária, é necessário existir uma consciencialização quanto à importância do fortalecimento perineal e da realização dos exercícios recomendados pelo fisioterapeuta.

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