Saúde

10 princípios para a aplicação eficaz da técnica de electrólise percutânea

Proposta de valor clínico da técnica de electrólise percutânea músculo-esquelética

A electrólise percutânea é uma técnica de fisioterapia invasiva que consiste na aplicação ecoguiada de uma corrente galvânica através de uma agulha de punção, que produz um efeito analgésico ao nível do tecido mole músculo-esquelético, bem como um processo inflamatório local que facilita a fagocitose e a reparação do tecido afectado (Valera & Minaya, 2014)


Fermin Valera e Francisco Minaya, autores do livro “Fisioterapia Invasiva” (Elsevier, 2016), definiram 10 princípios para a aplicação eficaz da técnica de electrólise percutânea:


1. Carácter ecoguiado

Nos procedimentos invasivos existe um consenso cada vez maior quanto à necessidade de utilização da ecografia como guia de intervenção. No caso concreto da electrólise percutânea, o seu uso é fundamental por dois motivos: segurança e eficácia.

A ecografia permite: 1) avaliar e identificar o tecido diana; 2) localizar as áreas de conflicto; 3) visualizar o corpo e a ponta da agulha; 4) visualizar o tempo real da aplicação; e 5) validar o procedimento.


2. Correlação ecográfica-funcional

A avaliação do sistema músculo-esquelético deveria incluir dois aspectos fundamentais e complementares: a análise da funcionalidade e da sua situação estrutural. A ecografia é uma excelente ferramenta para avaliar as características morfológicas do tecido e identificar mudanças no mesmo, susceptíveis de tratamento com electrólise percutânea.

No caso da electrólise percutânea, irá abordar-se o tecido sempre e quando existir uma correlação ecográfica-funcional. Não se trata, portanto, de intervir numa área que se simplesmente se apresenta alterada em termos ecográficos, mas sim de estimular biologicamente um tecido que está alterado e que é a origem da sintomatologia do utente.


3. Precisão

A abordagem ecoguiada permite alcançar o tecido diana com maior probabilidade, relativamente às abordagens manuais, e diminui consideravelmente o erro no alcance do tecido objecto do tratamento.


4. Valor diagnóstico

As técnicas de fisioterapia invasiva, como a electrólise percutânea, têm um grande valor diagnóstico, já que são capazes de reproduzir o padrão de dor local ou referido pelo utente, quando a agulha se situa sobre o tecido afectado.


5. Padronizar os procedimentos

O uso de uma taxonomia comum e padronizada dos procedimentos através de guias de prática clínica e protocolos constitui uma solução para diminuir a variabilidade da prática clínica e melhorar a atenção prestada ao utente.


6. Evitar o excesso de confiança

O fisioterapeuta que realize electrólise percutânea deve ser detentor de um conhecimento anatómico preciso para que a prática clínica seja segura. Além disso, ao recorrer à ecografia músculo-esquelética, as medidas de segurança padronizadas garantirão a segurança do procedimento.


7. Estímulo biológico mas mecânico

O estimulo biológico passivo (corrente galvânica ou em combinação com outro tratamento) irá acompanhar-se sempre de um programa activo (estímulo biológico activo) com uma carga progressiva. A acção excêntrica, isométrica ou funcional (ou de outro tipo) vai produzir uma série de transformações mecano-biológicas no tecido que estimularão a síntese e maturação do colagénio. 


8. Estimulo isolado vs. combinado

Dependente das características do tecido e da condição clínica do utente, o protocolo contemplará a utilização isolada da corrente galvânica ou a combinação com outras correntes eléctricas, como a alta voltagem, as microcorrentes, a PES, bem como a administração de biorreguladores via mesoterápica.


9. Analítico vs. global

A electrólise percutânea baseia-se na aplicação local em determinadas áreas do tecido neuro-músculo-esquelético em função de uma correlação clínica e ecográfica.


10. Resposta rápida ao tratamento-reavaliação

As técnicas de fisioterapia invasiva em geral, e a electrólise percutânea em particular, têm um denominador comum: obtêm uma rápida resposta ao tratamento numa percentagem muito alta de casos clínicos. Isto significa que com um número reduzido de sessões (2-3) modifica-se a situação clínica do utente.

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Fonte:

Valera, F. e Minaya, F. (2016). Fisioterapia Invasiva. Elsevier.

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