Saúde

Screening e assessment na fisioterapia músculo-esquelética

Reduzir o risco de lesão e progredir com critério na reabilitação

Artigo de opinião escrito por Nuno Pina, fisioterapeuta coordenador do Basquetebol no Sporting Clube de Portugal e formador na Master para o curso de Fisioterapia no Desporto - Screening and Assessement.

Conhecer a pessoa e a sua funcionalidade são passos importantes para a tomada de decisão e prestação eficiente de cuidados clínicos.

Relembrando o processo de intervenção em fisioterapia importa avaliar corretamente a pessoa, aferir o plano de intervenção mais adequado à condição clínica e, aquando de momento oportuno, proceder à alta.

O ponto de partida parece concretizar-se claramente na correta avaliação. Para tal, existe um conjunto alargado de testes possíveis de executar de forma a tomar verdadeiro conhecimento de dados subjetivos como história clínica passada ou a dor, e de dados objetivos como a mobilidade articular, controlo motor e força muscular. A este conjunto de avaliações e testes poderemos designar por bateria de screening e assessment, relevantes para toda a população atlética e não atlética.

Na fisioterapia no desporto esta abordagem assume especial destaque dada a incidência de possíveis lesões decorrentes da prática desportiva. Assim, é comum ouvirmos perguntas do género: como posso reduzir o risco de lesão dos meus atletas/equipa? Quais os testes que devo aplicar na pré-época? Estará o meu atleta preparado para voltar aos treinos e competir? Pois bem, exemplos de perguntas pertinentes para alavancar uma intervenção competente.

Avaliar a pessoa aquando da presença de queixas, como dor e/ou incapacidade funcional, é certamente importante. Porém, a tendência atual tende a priorizar a prevenção/redução do risco de lesão ao invés de apenas tratar lesões.

Os dados recolhidos durante o screening e assessment para além de influenciarem diretamente o sucesso no diagnóstico clínico permitem (1) identificar fatores de risco modificáveis de lesão, (2) reunir dados de referência que possibilitem futuramente progredir com segurança durante o período de reabilitação e (3) definir critérios objetivos de retorno à atividade.

Desta forma, tendo por base as exigências inerentes à funcionalidade diária da pessoa, dados epidemiológicos e história clinica importante, sugere-se selecionar testes que sejam, de preferência, de caracter objetivo.

Olhemos para modalidades desportivas como o andebol e natação. Parece ser pertinente realizar testes específicos para membro superior com foco na estabilidade dinâmica e controlo motor do complexo articular do ombro e, a partir dos resultados obtidos, elencar informações clínicas e atléticas relevantes.

Por outro lado, e centrando novamente as exigências biomecânicas e informação epidemiológica da modalidade, no futsal e hóquei em patins poderá ser perspicaz selecionar testes que, por exemplo, explorem as articulações da anca e coluna lombar com foco na integridade das suas regiões musculares e estabilidade lombo-pélvica.

O mesmo raciocínio é válido para pessoas cuja função diária passe por manter longos períodos sentado ou, por outro lado, que tenha de caminhar vários quilómetros deslocando carga externa (caixas, ferramentas, outros.).

Definir o perfil de risco de lesão da pessoa e, sempre que possível reunir dados que se assumam futuramente como critérios de progressão num processo clínico, poderá potenciar a intervenção do fisioterapeuta. Para tal, julgo ser necessário que este profissional se muna de conhecimento científico atualizado, materiais e equipamentos adequados e estimule um raciocínio clínico que embora possa ser simples deva ser útil.

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